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Em meio à uma onda de acidentes envolvendo gás amônia, empresas de processamento de carnes entram no mapa dos incêndios e colocam trabalhadores e comunidade em risco grave.
No último domingo, 27 de outubro, um acidente atingiu um pavilhão de processamento de aves da unidade da JBS de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. O local foi evacuado e não há feridos.
Incêndio na unidade de Passo Fundo da JBS. Fonte: Gravataí 24 Horas
A história recente dos incêndios em frigoríficos já acumula casos bastante dramáticos, como o incêndio da JBS de Diamantino, no Mato Grosso do Sul em junho 2023 e o incêndio da Frango Pioneiro, em Joaquim Távora, no Paraná, em setembro de 2024. Também se acumulam explosões como as ocorridas na JBS de Porto Velho, em Rondônia em janeiro de 2024 e na JBS de Osasco, em São Paulo, em setembro de 2024.
Ao longo do ano de 2024, vimos os casos de incêndio em frigoríficos se alastrarem pelo Brasil. Entre dezembro de 2023 e outubro de 2024 já foram registrados treze (13) incêndios e duas (2) explosões em frigoríficos no país, ao menos 1 incêndio por mês.
Incêndios e explosões em Frigoríficos no Brasil (2023 - 2024)
Incêndios em frigoríficos são um sinal de desinvestimento das corporações na manutenção das infraestruturas, tais como os sistemas elétricos e as tubulações de gás. Proximidades com casas de máquinas e sistemas de gás amônia oferecem um risco adicional, podendo causar incêndios de enormes proporções.
Frigorífico Pantanal, em Várzea Grande (MT): Incêndio ocorreu em setembro de 2024 - Foto: CBM-MT
Este é mais um sintoma da desigualdade promovida por empresas de processamento de carnes: enquanto projetam lucros astronômicos e renda segura para acionistas, mantém baixos os salários dos trabalhadores, sem quaisquer aumentos reais, ao mesmo tempo em que os expõe a riscos de diversas ordens: intoxicações químicas, LER/DORT, transtorno mental e doenças por agentes biológicos.
A ausência de manutenção adequadas dos frigoríficos adiciona mais uma dimensão dentro da qual os acidentes de trabalho podem ocorrer. Isso se agrava diante do cenário atual no qual a indústria de processamento de carnes é um dos setores que mais adoece trabalhadores no Brasil.
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